Obuseiro
Número de registro
15492
Descrição
Cascavel em forma de forquilha com uma peça de ferro que serve como anel do vergueiro. Culatra sem solução de continuidade com o primeiro reforço e sem molduras que a separem do segundo reforço, somente uma mudança no diâmetro do tubo. Na culatra, dois furos e um rasgo para colocação de alça de mira. Próximo ao segundo reforço, mais dois furos para colocação de massa de mira. Inserido no munhão direito, uma placa de bronze com os dizeres: "LA RELIGION AL ESTADO". No munhão esquerdo, outra placa com os dizeres: "ARSENAL ASUNCION 1867 Nº 31". No reparo, uma placa com a inscrição: "ARSENAL DE GUERRA DA CÔRTE 1875".
Uso terrestre fortificações. Material bronze, cal. 305 mm (12 pol), Comp. total 294 cm, Larg. 134 cm, Calibres 8.
Denominação
Obuseiro
Título
El Cristiano
Autor
Técnica
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Referência de aquisição
Catálogo Geral do Museu Histórico Nacional (1924)
Local de produção
Classe
Data de produção
1867
Termos de indexação
ARSENAL DE GUERRA | EL CRISTIANO | EXÉRCITO IMPERIAL | EXÉRCITO PARAGUAIO | FORTALEZA DE HUMAITÁ | FORTE DE CURUPAITI | GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA | GUERRA DO PARAGUAI | SEGUNDO REINADO | TROFÉU DE GUERRA
Largura (cm)
134,00
Comprimento (cm)
294,00
Observações
Fundido no Paraguai para a Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870), nele foi utilizado o bronze dos sinos das igrejas paraguaias, recebendo, por isso, as inscrições nos munhões: "da religião ao Estado" e "El Cristiano" (O cristão).
Inicialmente, equipando o Forte de Curupaiti, também serviu para equipar a principal fortificação de Humaitá, a Bateria Londres, de onde foi arremessado para o Rio Paraguai, quando da rendição da fortaleza. A forma externa do canhão é semelhante à dos canhões de Rodman, porém sem seguir os embasamentos teóricos desse cientista. A fundição é de péssima qualidade, sendo porosa nas proximidades da boca, mostrando a pouca densidade do metal. As irregularidades externas nos levam a pensar que não havia tornos possantes o suficiente para girar um objeto de 12 toneladas e, assim, dar o acabamento normal de uma peça de artilharia.
Apesar das fontes da época chamarem-na de canhão, acreditamos que "El Cristiano" não o seja, mas sim um obuseiro, projetado para disparar balas ocas. Baseamos esta hipótese em uma série de fatores: a peça é muito curta para um canhão (8,3 calibres de comprimento), seu calibre é de 12 polegadas, ou 305 mm, equivalente a uma bala sólida de 200 libras e não de 80 libras, como normalmente afirmado nas fontes da Guerra do Paraguai. Isto levaria a crer que as balas de "80" fossem, na verdade, granadas de 200 libras, ocas, e cheias de pólvora, com o peso real de 80 libras e o nominal de 200. A fundição, as formas e o material do canhão nos permitem supor que ele não suportaria o disparo de grandes balas sólidas, arrebentando antes disto.
O reparo onde a peça se encontra hoje em dia não é o original, tendo sido fundido no Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro para servir de expositor. Ficou exposto na parte externa do antigo prédio do Arsenal até a fundação do Museu Histórico Nacional, quando foi incorporado ao acervo desta instituição.
Fabricação: manufatura Arsenal de Assunção.
Referências bibliográficas
BARROSO, Gustavo Dodt. Catálogo geral - 1a seção: archeologia e história. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 1924. | CASTRO, Adler; ANDRADA, Ruth Beatriz. O pátio Epitácio Pessoa: seu histórico e acervo. Rio de Janeiro: MHN, 1992. | Catálogo "Pátio Epitácio Pessoa: entre pedras, canhões e arcadas". Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2021. | FRAGOSO, Augusto Tasso. História da Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai. Rio de Janeiro: Biblioteca Militar, 1934. | WINZ, Antonio Pimentel. História da Casa do Trem. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 1962.
Autoria das fotos
Jaime Acioli