Brinquedo
Número de registro
52460
Descrição
Boneco com roupa de Arlequim, em feltro branco e preto, gola de organdi franzida e instrumento de corda em madeira e madrepérola.
Denominação
Brinquedo
Faz conjunto ou par com produção
Material
feltro | madeira | madrepérola
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Referência de aquisição
Processo 01438.000050/2003-13
Local de produção
Classe
Data de produção
1945
Termos de indexação
Altura (cm)
23,00
Largura (cm)
9,00
Observações
Comprado em Veneza.
"O pierrôt e o alpinista não conseguiam soltar as mãos, tipo uma coisa bem mística. D. Réne, impressionada, voltou a loja no dia seguinte da compra, comprou-a e eles sempre ficaram de mãos juntas." Depoimento de D. Réne Grosman a Vera Lima.
Comédia del'Arte - Forma teatral única no mundo, desenvolveu-se na Itália no século XVI e difundiu-se em toda Europa nos séculos sucessivos, a Commedia dell'arte contribuiu na construção do teatro moderno. Teatro espetacular baseado na improvisação e no uso de máscaras e personagens estereotipados, é um gênero rigorosamente antinaturalista e antiemocionalista.
O texto - O que mais atrai o olhar contemporâneo nas leituras do canovacci da commedia dell'arte é a inconsistência deles no que se refere ao conteúdo. Sendo a comédia um espetáculo ligado fortemente à outros valores como as máscaras, a espetacularidade da recitação, habilidade dos atores, a presença de mulheres na cena, etc... Não tinha necessidade de compor dramaturgias exemplares, novidades de conteúdos ou estilos. O canovaccio devia obedecer a requisitos de outro tipo, todos funcionais ao espetáculo: clareza, partes equivalentes para todos os atores envolvidos, ser engraçado, possibilidade de inserir lazzi, danças e canções, disponibilidade a ser modificado. A técnica de improviso que a commedia adotou não prescindiu de fórmulas que facilitassem ao ator o seu trabalho. Diálogos inteiros existiam, muitos deles impressos, para serem usados nos lugares convenientes da cada comédia. Tais eram as prime uscite (primeiras saídas), os concetti (conceitos), saluti (as saudações), e as maledizioni (as maldições). Na sua fase áurea, o espetáculo da commedia dell'arte tinha ordinariamente três atos, precedidos de um prólogo e ligados entre si por entreatos de danças, canto ou farsa chamados lazzi ou lacci (laços). A intriga amorosa, que explorou sem limites, já não era linear e única, como na comédia humanista, mas múltipla e paralela ou em cadeia: A ama B, B ama C, C ama D, que por sua vez ama A.
O encenador - O espetáculo da comédia era construído com rigor, sob a orientação de um concertatore, equivalente do diretor do teatro moderno, e de um certo modo seu inspirador. Aquele, por sua vez, tinha à disposição séries numerosas de scenari, minudentes roteiros de espetáculos, conservados presentemente em montante superior a oitocentos; Muitos ainda existem nos arquivos italianos e estrangeiros sem terem sido arrolados.
O ator - O ator na commedia dell'arte tinha um papel fundamental, cabendo-lhe não só a interpretação do texto, mas também a contínua improvisação e inovação do mesmo. Malabarismo, canto e outros feitos eram exigidos continuamente ao ator. O uso das máscaras (exclusivamente para os homens) caracterizava os personagens geralmente de origem popular: os zanni, entre os mais famosos. Vale a pena citar Arlequim, Pantaleão e Briguela. A enorme fragmentação e a quantidade de dialetos existentes na Itália do século XVI obrigavam o ator a um forte uso da mímica que tornou-se um dos mais importantes fatores de atuação no espetáculo. O ator na commedia dell'arte precisava ter "uma concepção plástica do teatro" exigida em todas as formas de representação e a criação não apenas de pensamentos como de sentimentos através do gesto mímico, da dança, da acrobacia, consoante as necessidades, assim como o conhecimento de uma verdadeira gramática plástica, além desses dotes do espírito que facilitam qualquer improvisação falada e que comandam o espetáculo. A enorme responsabilidade que tinha o ator em desenvolver o seu papel, com o passar do tempo, portou à uma especialização do mesmo, limitando-o a desenvolver um só personagem e a mantê-lo até a morte. A contínua busca de uma linguagem puramente teatral levou o gênero a um distanciamento cada vez maior da realidade. A commedia foi importante sobretudo como reação do ator a uma era de acentuado artificialismo literário, para demonstrar que, além do texto dramático, outros fatores são significativos no teatro.
O teatro - Devido as origens extremamente populares, a commedia dell'arte por longo tempo não dispus e espaços próprios para as encenações. Palcos improvisados em praças públicas eram os lugares onde a maioria das vezes ocorria o espetáculo. Só no século XVII, e mesmo assim esporadicamente, a commedia começou a ter acesso aos teatros que tinham uma estrutura tipicamente renascentista, onde eram representados espetáculos eruditos. Já no século XVII, a enorme popularidade deste tipo de representação forçou a abertura de novos espaços para as companhias teatrais. Em Veneza, por exemplo, existiam sete teatros: dois consagrados à opera séria, dois à ópera bruta e três à comédia.