Brinquedo
Número de registro
52464
Descrição
Boneco com roupa de feltro preto com acabamento em renda bege. Instrumento agrícola nas mãos.
Denominação
Brinquedo
Faz conjunto ou par com produção
Material
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Referência de aquisição
Processo 01438.000050/2003-13
Local de produção
Classe
Data de produção
1945
Termos de indexação
Altura (cm)
24,00
Largura (cm)
15,00
Observações
Comprado em Veneza.
"O pierrôt e o alpinista não conseguiam soltar as mãos, tipo uma coisa bem mística. D. Réne, impressionada, voltou a loja no dia seguinte da compra, comprou-a e eles sempre ficaram de mãos juntas." Depoimento de D. Réne Grosman a Vera Lima.
Comédia del'Arte - Forma teatral única no mundo, desenvolveu-se na Itália no século XVI e difundiu-se em toda Europa nos séculos sucessivos, a Commedia dell'arte contribuiu na construção do teatro moderno. Teatro espetacular baseado na improvisação e no uso de máscaras e personagens estereotipados, é um gênero rigorosamente antinaturalista e antiemocionalista.
O texto - O que mais atrai o olhar contemporâneo nas leituras do canovacci da commedia dell'arte é a inconsistência deles no que se refere ao conteúdo. Sendo a comédia um espetáculo ligado fortemente à outros valores como as máscaras, a espetacularidade da recitação, habilidade dos atores, a presença de mulheres na cena, etc... Não tinha necessidade de compor dramaturgias exemplares, novidades de conteúdos ou estilos. O canovaccio devia obedecer a requisitos de outro tipo, todos funcionais ao espetáculo: clareza, partes equivalentes para todos os atores envolvidos, ser engraçado, possibilidade de inserir lazzi, danças e canções, disponibilidade a ser modificado. A técnica de improviso que a commedia adotou não prescindiu de fórmulas que facilitassem ao ator o seu trabalho. Diálogos inteiros existiam, muitos deles impressos, para serem usados nos lugares convenientes da cada comédia. Tais eram as prime uscite (primeiras saídas), os concetti (conceitos), saluti (as saudações), e as maledizioni (as maldições). Na sua fase áurea, o espetáculo da commedia dell'arte tinha ordinariamente três atos, precedidos de um prólogo e ligados entre si por entreatos de danças, canto ou farsa chamados lazzi ou lacci (laços). A intriga amorosa, que explorou sem limites, já não era linear e única, como na comédia humanista, mas múltipla e paralela ou em cadeia: A ama B, B ama C, C ama D, que por sua vez ama A.
O encenador - O espetáculo da comédia era construído com rigor, sob a orientação de um concertatore, equivalente do diretor do teatro moderno, e de um certo modo seu inspirador. Aquele, por sua vez, tinha à disposição séries numerosas de scenari, minudentes roteiros de espetáculos, conservados presentemente em montante superior a oitocentos; Muitos ainda existem nos arquivos italianos e estrangeiros sem terem sido arrolados.
O ator - O ator na commedia dell'arte tinha um papel fundamental, cabendo-lhe não só a interpretação do texto, mas também a contínua improvisação e inovação do mesmo. Malabarismo, canto e outros feitos eram exigidos continuamente ao ator. O uso das máscaras (exclusivamente para os homens) caracterizava os personagens geralmente de origem popular: os zanni, entre os mais famosos. Vale a pena citar Arlequim, Pantaleão e Briguela. A enorme fragmentação e a quantidade de dialetos existentes na Itália do século XVI obrigavam o ator a um forte uso da mímica que tornou-se um dos mais importantes fatores de atuação no espetáculo. O ator na commedia dell'arte precisava ter "uma concepção plástica do teatro" exigida em todas as formas de representação e a criação não apenas de pensamentos como de sentimentos através do gesto mímico, da dança, da acrobacia, consoante as necessidades, assim como o conhecimento de uma verdadeira gramática plástica, além desses dotes do espírito que facilitam qualquer improvisação falada e que comandam o espetáculo. A enorme responsabilidade que tinha o ator em desenvolver o seu papel, com o passar do tempo, portou à uma especialização do mesmo, limitando-o a desenvolver um só personagem e a mantê-lo até a morte. A contínua busca de uma linguagem puramente teatral levou o gênero a um distanciamento cada vez maior da realidade. A commedia foi importante sobretudo como reação do ator a uma era de acentuado artificialismo literário, para demonstrar que, além do texto dramático, outros fatores são significativos no teatro.
O teatro - Devido as origens extremamente populares, a commedia dell'arte por longo tempo não dispus e espaços próprios para as encenações. Palcos improvisados em praças públicas eram os lugares onde a maioria das vezes ocorria o espetáculo. Só no século XVII, e mesmo assim esporadicamente, a commedia começou a ter acesso aos teatros que tinham uma estrutura tipicamente renascentista, onde eram representados espetáculos eruditos. Já no século XVII, a enorme popularidade deste tipo de representação forçou a abertura de novos espaços para as companhias teatrais. Em Veneza, por exemplo, existiam sete teatros: dois consagrados à opera séria, dois à ópera bruta e três à comédia.