Canhão
Número de registro
15895
Descrição
Cascavel pisciforme, servindo de anel do vergueiro, faixa alta da culatra com a inscrição: "SEVILHA ANO 1679". No primeiro reforço, as letras "6 Qs 55 L" (seis quintais e 55 libras) mais um dístico com a inscrição: "DON CARLOS II REY DE SPANA" com a medalha do Tosão de Ouro sob uma coroa. No segundo reforço, uma capa de bronze de cor e textura diferentes, com munhões colocados no centro da alma da peça. No liso do bocal, o número "3", bocal modificado por ação de um torno giratório, que lhe deu uma forma próxima a de uma canhão do século XIX. Raiado.
Uso possivelmente naval. Cal. 86,4 mm, Comp. total 166 cm, Larg. 49 cm, comp. 153 cm, Calibres 17.
Denominação
Canhão
Técnica
Material
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Referência de aquisição
Não identificada
Local de produção
Classe
Data de produção
1679
Termos de indexação
CARLOS II DA ESPANHA | GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA | GUERRA DO PARAGUAI | MARINHA ESPANHOLA | SEGUNDO REINADO | TROFÉU DE GUERRA
Largura (cm)
49,00
Comprimento (cm)
166,00
Observações
Uma das grandes vantagens das peças de bronze sobre as de ferro era sua durabilidade - o bronze sofre um processo de oxidação muito menos danoso que a oxidação do ferro. Desta maneira, sabemos que alguns canhões ainda estavam em uso cem anos depois de sua data de fabricação, normalmente em locais onde havia falta de bom material de artilharia.
Consta que esta peça foi capturada aos paraguaios na campanha de 1865-1870, sendo então um exemplo dos problemas de suprimento que havia naquele país, pois além de ter 186 anos de uso no início da guerra, apresenta sinais de ter perdido os munhões ou de ter rachado naquela região, recebendo um conserto de emergência, visível pela cor diferente do bronze. E, neste reparo, pode-se observar outra vantagem dos canhões de bronze; as bocas de fogo feitas neste material, quando não suportavam a pressão do disparo, não explodiam e, sim, rachavam, permitindo a sua reutilização em emergências e não matando muita gente com os fragmentos de uma explosão.
Outra característica importante deste objeto é o fato de ser raiado. O raiamento, que melhora a precisão e o alcance dos canhões, só foi introduzido no século XIX, o que nos leva a concluir que a boca de fogo foi provavelmente raiada, no Paraguai, para modernizá-la.
Segundo Gustavo Barroso, este canhão seria o mesmo mencionado pelo Conde D'Eu em seu livro "Viagem Militar ao Rio Grande do Sul", na passagem sobre os canhões capturados em Uruguaiana (setembro de 1865): "eram peças inferiores, de respeitável antiguidade. Uma delas.... tinha sido fundida em Barcelona..., outra em Sevilha em 1679!".
No entanto, esta afirmação não pode ser considerada conclusiva, pois o raiamento de canhões no Paraguai só começa a ser feito em grandes números a partir de 1866 e, obviamente, existiram outro canhões fundidos em Sevilha em 1679.
Peça número 37 do antigo inventário do Pátio Epitácio Pessoa.
Referências expográficas
Referências bibliográficas
CASTRO, Adler; ANDRADA, Ruth Beatriz. O pátio Epitácio Pessoa: seu histórico e acervo. Rio de Janeiro: MHN, 1992. | Catálogo "Pátio Epitácio Pessoa: entre pedras, canhões e arcadas". Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2021. | EU, Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orleãs, Conde d'. Viagem Militar ao Rio Grande do Sul. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981. | GUILMARTIN, John F. Os canhões do Santíssimo Sacramento. Navi¬gator, dezembro de 1981, nº 17. p. 27.
Autoria das fotos
Jaime Acioli