Canhão
Número de registro
15906
Descrição
Culatra plana, com cascavel pisciforme servindo de anel do vergueiro e inscrições "34+3+8+ gravadas com caracteres modernos. No liso do ouvido, a inscrição "36+__+04" e sinais de ter tido duas saliências para colocação de pranchada. No primeiro reforço, a inscrição "SENDO TINENTE GL RVI COREA LVCAS MATHIAS ESCARTIM ME FES LXA 1653" e "DOM IOAO IIII REY DE PORTVGAL" e brasão português. Com golfinhos pisciformes.
Uso ignorado. Material bronze, cal. 153 mm (27 lb.), Comp. total 305 cm, Larg. 60 cm, comp. 292 cm, Calibres 18.
Denominação
Canhão
Técnica
Material
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Referência de aquisição
Não identificada
Local de produção
Classe
Data de produção
1653
Termos de indexação
ARMAS | ARSENAL DE GUERRA | DOM JOÃO IV | EXÉRCITO PORTUGUÊS
Largura (cm)
60,00
Comprimento (cm)
305,00
Observações
O estudo desta peça se beneficia de um acontecimento acidental: outros seis canhões quase idênticos a este, do mesmo fabricante (Lucas Matias Escartim), foram descobertos em um sítio arqueológico marítimo do século XVII. Para que a importância deste achado fique bem clara, citamos o autor da pesquisa que foi feita sobre os mesmos:
"Essas últimas seis peças são particularmente notáveis. Há constância de linhas e proporções que mostra, claramente, que os fundidores portugueses seguiam modelos estabelecidos; a comparação com os modelos holandeses capturados pelo Sacramento ... sugere tratar-se de algo superior. Apesar de os três maiores canhões holandeses utilizarem balas menores ... eles eram mais pesados, mais longos, ou ambos que os portugueses de 26 libras há pouco mencionados [os de Escartim]".
Ou, como o autor continua: "a relativa pequenez e leveza dessas seis peças [de Lucas Matias Escartim] deixa pouca dúvida quanto à sua qualidade". Esta qualidade pode ser observada em detalhes como a homogeneidade visível na comparação dos canhões do Sacramento e o do MHN, na medida que a produção em série deste tipo de artefato era impossível. Outra característica que é apontada nos canhões deste fundidor é o controle de qualidade na fabricação. As dimensões críticas dos canhões são quase idênticas, enquanto detalhes são secundários, como a posição dos golfinhos (fora de centro na peça do MHN), que não sofriam tal controle de qualidade. Obviamente, o controle era muito importante, porém, ocasionalmente, erros pequenos tinham que ser tolerados devido ao alto investimentos da fabricação de um canhão. Esta tolerância pode ser observada na colocação da alma do canhão do MHN, ligeiramente descentrada, o que deve ter sido aceito devido à falta de material de artilharia quando Portugal estava travando sua Guerra da Restauração (Independência) contra a Espanha e ainda estava envolvido com as guerras holandesas no Brasil.
Fabricação fundidor Lucas Matias Escartim (Viterbo coloca que Escartim já era ajudante do fundidor de artilharia pela Coroa de Castela, em 1624, o que seria um indicativo de uma longa carreira, pois ainda estava ativo em 1664). Com o nome do tenente general Rui Correia.
Referências expográficas
Referências bibliográficas
CASTRO, Adler; ANDRADA, Ruth Beatriz. O pátio Epitácio Pessoa: seu histórico e acervo. Rio de Janeiro: MHN, 1992. | Catálogo "Pátio Epitácio Pessoa: entre pedras, canhões e arcadas". Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2021. | CORDEIRO, João Manuel. Apontamentos para a história da artilharia Portuguesa. S.l. Typographia do Commando Geral da Artilharia, 1895. | GUILMARTIN, J. F. Os canhões do Santíssimo Sacramento. Navigator, Rio de Janeiro, Serviço de Documentação Geral da Marinha, n. 17, dez. 1981. | KENNARD, A. N. Gunfounding and Gunfounders: a directory of cannon founders from earliest times to 1850. Londres: Arms and Armour Press, 1986. | Memórias Militares de Antonio Castelo Branco, 1719. | VITERBO, Souza. Fundidores de Artilharia. Lisboa: Typographia Universal, 1901.
Autoria das fotos
Jaime Acioli