Colubrina
Número de registro
15890
Descrição
Cascavel em forma de cabeça de guerreiro com capacete e armadura nos ombros. Na culatra, a inscrição: "CA 19 Rl 66". Na faixa alta da culatra, a inscrição: "IACOBVS ROCCA FECIT GENVA 1714". Com brasão português, no primeiro reforço, inserido em um troféu de armas e com figura mitológica (Deus do vento?) na parte superior. Inscrito no munhão direito o número "15". Golfinhos pisciformes. A peça não tem segundo reforço.
Uso terrestre. Material bronze, cal. 83,1 mm (4 lb), Comp. total 281 cm, Larg. 41 cm, 260 cm, Calibres 30.
Denominação
Colubrina
Autor
Técnica
Material
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Referência de aquisição
Processo 11/1935
Local de produção
Classe
Data de produção
1714
Termos de indexação
Largura (cm)
41,00
Comprimento (cm)
281,00
Observações
Esta colubrina, fundida por ordem de D. João V em Gênova, pode ser considerada uma das evidências dos problemas que o governo português vinha encontrando para equipar suas forças armadas com armamentos produzidos em seu país, problema que vinha ocorrendo desde a Guerra da Restauração de 1640. Desde aquele momento, Portugal dependia cada vez mais da importação de armamentos pesados para o fornecimento de seus exércitos, assim, em 1694, por exemplo, este país foi o maior importador individual de canhões de ferro feitos na Suécia.
Esta situação de retração da produção de artilharia local chegou a tal ponto que o país praticamente deixou de fabricá-los. Segundo Gustavo Barroso, este canhão foi parte de uma grande encomenda portuguesa de bocas de fogo feitas ao Arsenal de Gênova para artilhar suas possessões ultramarinas, sendo o fundidor desta colubrina, Giacomo Rocca, o diretor do Arsenal daquela cidade.
Da análise da peça em si, podemos tirar algumas conclusões interessantes: ela é uma colubrina, um estilo de canhão que estava desaparecendo de serviço por toda a Europa por sua ineficiência e alto custo (ver peça nº 15882). Também podemos observar que não havia uma preocupação com o custo de sua produção, pois além de ser ricamente trabalhada nos locais normalmente decorados, ela tem um cascavel esculpido de maneira mais primorosa que o normal, na forma de uma cabeça de guerreiro. Finalmente, como ponto curioso, podemos apontar as cruzetas, claramente visíveis na culatra do canhão. As cruzetas eram peças de ferro integrantes do conjunto dos canhões de bronze, servindo para centrar o núcleo que viria a ser a alma do canhão após a fundição.
Esta colubrina fazia parte da artilharia que equipava o Forte de Tabatinga, na Amazônia. Este forte foi estabelecido em 1766, próximo a fronteira com o Peru.
Deve-se notar que este canhão já tinha cerca de cinquenta anos no momento da construção do forte, o que não significa que ele tenha sido enviado para lá quando o forte foi erigido.
Deve-se observar, ainda, que há, no MHN, mais dois canhões da mesma encomenda (peças nº 15900 e 15893), todos recuperados na região Amazônica, talvez indicando que eles fossem equipamento de um navio, de onde foram retirados para armar os fortes. Neste sentido, observe-se as inscrições nos munhões, que seriam, possivelmente, uma numeração seriada, indicando haver pelo menos 15 peças desta encomenda.
Originalmente, este canhão pertencia às coleções do Museu Naval, tendo sido incorporado ao Museu Histórico Nacional quando da extinção daquele, em 1932.
Número 39 do antigo inventário do Pátio Epitácio Pessoa.
Fabricação: fundidor Iacobus (Giacomo) Rocca (Nasceu em 1650, trabalhou a maior parte de sua vida em Gênova, porém com um período de atividade em Turim, em 1698. Ainda estava vivo em 1724 ).
Referências expográficas
Referências bibliográficas
BARRETO, Anibal. Fortificações do Brasil. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1959. | BARROSO, Gustavo Dodt. Inventário da Coleção de armaria. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 1939. | CASTRO, Adler; ANDRADA, Ruth Beatriz. O pátio Epitácio Pessoa: seu histórico e acervo. Rio de Janeiro: MHN, 1992. | Catálogo "Pátio Epitácio Pessoa: entre pedras, canhões e arcadas". Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2021. | CIPOLLA, Carlo M. Guns Sails and Empires: technological innovation and the early phases of European Expansion, 1400-1700. Manhattan: Sunflower University Press, 1988. | KENNARD, A. N. Gunfounding and Gunfounders: a directory of cannon founders from earliest times to 1850. Londres: Arms and Armour Press, 1986. | REBELLO, Antonio Teixeira. Dissertação onde se mostra o estado em que se acha nossa artilharia, reparos e carruagens... . Verona: 25 de fevereiro de 1795.
Autoria das fotos
Jaime Acioli