Nossa Senhora
Número de registro
319
Descrição
Imagem entalhada de Nossa Senhora em madeira policromada, oca, repousando sobre um globo celeste. Apresenta cabeça voltada para a esquerda, olhos de vidro na cor marrom, voltados para cima. Face corada e lábios delineados de vermelho. Cabelos longos, em mechas esvoaçantes, e cobertos por pequeno véu. Traja túnica longa na cor negra com decoração floral em dourado. Manto jogado sobre os ombros, caindo em ponta. Faltam o braço direito e a mão esquerda. Na base, rolos de nuvens ladeados por duas cabeças de anjos, à direita e à esquerda. Ao centro da base, um orifício de 18x16cm, antes possivelmente oculto por um anjo.
Denominação
Nossa Senhora
Título
Nossa Senhora da Assunção
Técnica
Material
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Referência de aquisição
Processo 18/30
Local de produção
Data de produção
17--
Termos de indexação
ADMINISTRAÇÃO COLONIAL | ARTE COLONIAL | ARTE RELIGIOSA | BANDEIRANTES | BARROCO | BRASIL COLÔNIA | ECONOMIA COLONIAL | JOSÉ MARIANO FILHO | MANEIRISMO | MINAS GERAIS | MINERAÇÃO | MINÉRIO | NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO | SANTO DO PAU OCO | VIRGEM MARIA
Altura (cm)
123,00
Largura (cm)
42,00
Comprimento (cm)
55,00
Observações
Julio Cezar Dantas (2022, p. 114) descreve a imagem da seguinte maneira: "A estrutura apresenta toda a movimentação das imagens setecentistas, com bela policromia sobre douramento abundante em motivos fitomorfos e o panejamento da túnica e do manto bem movimentado, assim como do véu que cobre a cabeça, deixando ver as madeixas de seu cabelo sobre os ombros e as costas".
Nesta peça, a face de um dos querubins é removível, o interior da peça é desbastado, sendo praticamente oco. Este vazio era possivelmente usado para transporte de minério e pedras preciosas, moedas e tesouros, como forma de escapar da fiscalização e do pagamento de tributos e impostos (o quinto) nas Casas de Registro ou nas Barreiras de Fiscalização nos caminhos de circulação do minério das Minas Gerais em direção às casas de fundição no Rio de Janeiro e em Portugal (Dantas, 2022).
Dantas (2022) e Oliva (1943) destacam alguns ditados populares envolvendo os santos do pau oco: “Foi milagre do Santo do pau oco”; “Depois que o Santo (ou a Santa) entrou na casa do Sr. Fulano, nunca mais lhe faltou dinheiro”.
Santos ou santas do pau oco são imagens esculpidas em madeira nas quais, sob o pretexto de torná-las mais leves e fáceis de transportar, era escavado e removido seu interior. Esse espaço secreto, destinava-se, na verdade, a guardar e a contrabandear valores, joias e mesmo dinheiro falso - como aconteceu entre Portugal e Brasil no período colonial. A abertura para o exterior era vedada e disfarçada com ornatos, cabeças de anjo, volutas e entalhes removíveis.
De acordo com técnicos do MHN, esta peça é proveniente da Bahia e foi doada por José Mariano Filho. A princípio, identificou-se a madeira como jacarandá, sendo, em 20/03/1944, retificada pela equipe do MHN como cedro.
Identificada como "Nossa Senhora da Glória" no "Guia do Visitante do MHN", de 1957.
Participou de exposição itinerante do MHN e do MI em 1974.
Referências expográficas
Referências bibliográficas
BAZIN, Germain. "O Aleijadinho e a escultura barroca no Brasil". Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1971. | DANTAS, Julio Cezar Neto. "A cidade de Paraty como patrimônio integral...". Tese de Doutorado. UNIRIO/ MAST, PPG–PMUS. Rio de Janeiro: 2020. | DANTAS, Julio Cezar Neto. Nossa Senhora da Assunção. In: "Histórias do Brasil: 100 objetos do Museu Histórico Nacional (1922-2022)". Rio de Janeiro: MHN, 2022. | MEGALE, Nilza Botelho. "Cento e doze invocações da Virgem Maria no Brasil". Rio de Janeiro: Vozes, 1986. | OLIVA, Menezes de. A santa do pau oco. In: "Anais do Museu Histórico Nacional", v. 4, 1943. p. 133-144. | OLIVEIRA, Myriam A. Ribeiro de. Maneirismo, Barroco e Rococó na arte religiosa... . In: BARCINSKI, Fabiana W. "Sobre a arte brasileira...". São Paulo: WMF Martins Fontes/Edições SESC, 2014, p. 96-135. | OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. "A escultura devocional na época barroca, aspectos técnicos e funções". Belo Horizonte/Ouro Preto, n. 18, 1997/2000, p. 247-267.
Autoria das fotos
Jaime Acioli