Penca de balangandãs
Número de registro
3675
Descrição
Penca composta de onze balangandãs. Prendedor de forma curvilínea, vazado, sendo a parte inferior denteada e a superior decorada por motivos florais e ladeada por dois pássaros com asas fechadas, um voltado para a direita e para a esquerda. Na lateral direita, pino com terminação em trevo. Presas por argolas, à parte inferior denteada, estão as onze peças: uma armação de pandeiro, uma galinha, um violão, um coquinho, um cacho de uva, uma cruz dourada, um coco, uma armação assimétrica com oito peças pequenas penduradas (âncora, figura humana, dois pássaros, peixe, revólver, dois pingentes) e uma romã.
Na alça da figa, presença de assinatura com as iniciais do autor: "A.S.".
Denominação
Penca de balangandãs
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Referência de aquisição
Processo 15/1936
Local de produção
Data de produção
[18--]
Termos de indexação
AMULETOS | ANIMAIS - PÁSSAROS | COLEÇÃO MIGUEL CALMON | CRUZ | DIÁSPORA AFRICANA | ESCRAVIDÃO | FRUTOS - ROMÃ | FRUTOS - UVAS | INSTRUMENTO MUSICAL | JÓIA DE CRIOULAS | NEGROS | PANDEIRO | SALA MIGUEL CALMON | VIOLÃO
Largura (cm)
12,50
Comprimento (cm)
19,50
Observações
De acordo com artigo de Menezes de Oliva (1941), os significados de alguns dos balangandãs são os seguintes:
Figa: objeto propiciatório, usado para atrair os bons fados imunizando seu possuidor contra todas as desgraças;
Cacho de uvas: objeto evocativo que recorda as festas da vindima;
Cruz: objeto devocional particularizando marcante preferência por determinado santo ou culto;
Alça de balangandãs menores: nela estão presos argola, borla de fio, revóller, pombinha, peixe, boneco e âncora;
Romã: de acordo com estudiosos diversos simboliza fecundidade ou o mundo cristão;
Armação de pandeiro: objeto evocativo representando instrumento musical usado em batuques e candomblés;
Noz em madeira: representa objeto propiciatório, tornando seu possuidor invulnerável a toda sorte de maledicência;
Violão: objeto evocativo;
Galo: animal utilizado em cerimônias propiciatórias.
A palavra barangandan, balangandan, balangandam ou berenguenden é onomatopaica e vem do som que produzem os berloques ao se chocarem uns contra os outros. O Visconde de Beaurepaire Rohan, em seu "Dicionário de vocábulos brasileiros" (p. 14), dá a seguinte definição ao vocábulo barangandan: "coleção de ornamentos de prata, que as creoulas trazem pendentes da cintura, nos dias de festas, principalmente na do Senhor do Bonfim. Manuel Querino registra as formas barangandan ou balançançam".
O vocábulo balangandã tem diversas variantes: barangandã, berenguendén, belenguendén, balançançan, é tipicamente onomatopaico e designa uma coleção de miniaturas de ouro, ou mais comumente de prata, reunidas numa argola ou fivela de formato especial rematada nos cantos por figuras de aves. Em sua parte superior passa uma corrente que serve para fixar a penca ao lado esquerdo da cintura da baiana. A argola apresenta, em sua parte interna inferior, sulcos para impedir que as figuras se desloquem de um extremo para o outro. Suas figuras ora são zoomórficas, ora fitomórficas, ergológicas ou mitomórficas, outras vezes seguem motivos místico-supersticiosos, mnemônicos ou lúdicos. São uma síntese de crenças e superstições (Barroso, 1947).
Referências expográficas
Exposição “Pérolas da Liberdade: Joalheria Afro-Brasileira”, Grand Hornu Images, Hornu/Bélgica, de 22 de outubro de 2011 a 26 de fevereiro de 2012 (Festival Europalia) | Exposição de longa duração "Entre mundos", Museu Histórico Nacional, 2010
Referências bibliográficas
BARROS, Sigrid Porto de. "A condição social e a indumentária feminina no Brasil-Colônio". Anais do MHN, v. VIII, 1947.. | BARROSO, Gustavo Dodt. A Coleção Miguel Calmon no MHN. 1944. | BARROSO, Gustavo Dodt. Introdução à técnica de museus. Rio de Janeiro : Museu Histórico Nacional, 1947. v. 2 | FACTUM, Ana Beatriz Simon. "Joalheria escrava baiana: a construção histórica do design de joias brasileiro". Tese de Doutorado, Arquitetura e Design, USP. São Paulo, 2009. | FARIAS, Juliana Barreto. Penca de balangandãs. In: KNAUSS, Paulo et al. (Org.). "História do Rio de Janeiro em 45 objetos". Rio de Janeiro: FGV, 2019. | FARIAS, Juliana. "Mercados minas: africanos ocidentais na Praça do Mercado do Rio de Janeiro (1830-1890)". Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio, Casa Civil, Arquivo Geral da Cidade do Rio, 2015. | LEVY, Fortunée. As minas, as lendas, a arte dos prateiros. Anais MHN, v. VI, 1945. | LODY, Raul. "O negro no museu brasileiro: construindo identidades". Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. | MENEZES DE OLIVA. Tentativa de classificação dos balangandans. Anais MHN, v. 2, 1941 | OLIVEIRA, Octávia Corrêa dos Santos. Ourivesaria brasileira. In: "Anais do Museu Histórico Nacional", v. IX, Rio de Janeiro, 1948. | VIANNA, Marfa. O negro no Museu Histórico Nacional. In: "Anais do MHN", v. VIII, 1947, p. 82-99.
Autoria das fotos
Jaime Acioli