Escultura (máscara)
Número de registro
4046
Descrição
Máscara de Maria Cambinda, trabalhada em madeira escura, corpo inteiriço, rígido e frontalizado sobre base retangular. Cabelos com traços incisos em semicírculos com a frente terminando em formato triangular. Sobrancelhas, boca e olhos delineados, sendo que os olhos estão fechados e pintados em tons avermelhados. Nariz angular. Apresenta em cada orelha três orifícios e tem longo pescoço fino. Corpo esguio com a parte superior do tronco (ombros e seios) pintados em tom avermelhado. Pintura nas costas termina em ponta. Braços representados pela metade. Braço direito quebrado. Ao centro, área vazada em formato cilíndrico. Parte posterior escavada formando abertura para encaixe do rosto. Utilizada em procissões da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em Ouro Preto/MG.
Denominação
Escultura (máscara)
Título
Maria Cambinda
Técnica
entalhe | marcenaria | pintura
Material
Forma de aquisição
Local de produção
Data de produção
[18--]
Termos de indexação
ARTE RELIGIOSA | CONGADA | DIÁSPORA AFRICANA | FESTAS RELIGIOSAS | GUSTAVO BARROSO | IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS | MARIA CAMBINDA | MINAS GERAIS | NEGROS | OURO PRETO | REISADO DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS | RELIGIÃO CATÓLICA | SINCRETISMO RELIGIOSO
Altura (cm)
110,00
Largura (cm)
21,00
Observações
De acordo com Magalhães e Palazzi (2022), a peça teria sido doada por Odorico Neves, juiz da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Ouro Preto, ao então diretor do MHN, Gustavo Barroso, em 1928, durante inspeção deste à Igreja.
As autoras levantam diferentes hipóteses sobre o uso da Maria Cambinda como máscara ou boneca. Ela poderia ter sido uma anunciadora de festas por ranchos, bandos ou grupos teatrais, ou ter tido alguma relação com grupos de bumba meu boi ou rodas de samba nos terreiros ou adros das igrejas. Sua função espiritual ligada a religiões de matriz africana também é cogitada. No entanto, é preciso ter em mente que a peça foi criada na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Ouro Preto e se encontrava na sacristia da igreja, seu uso provavelmente esteve relacionado à coleta de esmolas para as festas do Rosário ou para reis e juízes da irmandade e demais necessidades da igreja. Maria Cambinda faz parte do imaginário popular local e testemunha a prática de devoção à Nossa Senhora do Rosário, cuja irmandade em Ouro Preto prestou assistência à saúde e aos funerais, e à compra de alforrias de seus agentes negros.
No MHN, a peça foi anteriormente identificada como "deusa da fertilidade" devido ao recorte abaixo do ventre. O orifício, porém, parece ter sido feito para melhor encaixe da escultura ao corpo humano de quem a carregava nos cortejos. O suporte em madeira que a sustenta de pé foi colocado posteriormente.
Referências expográficas
Referências bibliográficas
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Autoria das fotos
Jaime Acioli