Espadim maçônico
Número de registro
5766
Descrição
Pomo circular, tendo em um lado triângulo raiado com um olho inscrito e no outro um compasso e um esquadro circundados por coroa de louros. Punho raiado com o número "33" inscrito; na outra face águia bicéfala coroada e pousada sobre espada. Guarda em cruzeta; em um dos lados da guarda um martelo e uma trave ladeados por decoração fitomorfa. No outro lado, estrela de cinco pontas ladeada por decoração fitomorfa tendo ao centro a letra "G" (indicativo do nome ritualístico Guatimozim). Lâmina de três faces côncavas. Bainha apresentando bocal com decoração fitomorfa; corpo de forma triangular com ponteira com decoração semelhante à do bocal. Sapata esferóide.
Denominação
Espadim maçônico
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Viscondessa de Cavalcanti (Amélia Machado de Coelho e Castro)
Referência de aquisição
Processo 4/1928
Local de produção
Classe
Data de produção
[18--]
Termos de indexação
ÁGUIA | BRASIL IMPÉRIO | D PEDRO I | GRANDE ORIENTE | GUATIMOZIM | INDEPENDÊNCIA DO BRASIL | JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA | MAÇONARIA | PEDRO I | VISCONDESSA DE CAVALCANTI
Largura (cm)
9,00
Comprimento (cm)
89,50
Observações
De acordo com estudo de Victor Villon (2022), não há provas de que o espadim maçônico, nem o avental, nem a espada, doados pela Viscondessa de Cavalcanti ao MHN, em 1927, tenham de fato pertencido a Dom Pedro I. Villon levanta alguns questionamentos sobre a origem do espadim e dos demais itens: como teriam chegado às mãos da Viscondessa, seriam presente da família imperial ao casal Cavalcanti, teriam sido adquiridos de algum colecionador ou antiquário, se não foram de Dom Pedro I, por que lhe foram atribuídos? Para Maria Laura Ribeiro (apud Villon, 2022, p. 161), o número "33" (símbolo maçônico) que figura no espadim seria a prova de que a insígnia não poderia ter pertencido ao Imperador, pois o rito adotado pela Loja Comércio e Artes era adoniramita e possuía treze graus e o Grande Oriente adotara o Rito Moderno ou Francês com sete graus, logo não podendo ter pertencido ao Imperador e, sim, a um maçom grau 33 no Rito escocês, instalado no Brasil somente em 1832, quando Pedro I já estava de volta à Europa. Embora não existam provas de que a procedência do espadim seja de Dom Pedro I, permanece sua representatividade histórica do ponto de vista da importância da maçonaria nas ideias e nas propostas que levaram à independência do Brasil.
Dom Pedro iniciou-se na maçonaria sob orientação de José Bonifácio, fundador do Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz (1822), após cisão política com os maçons do Grande Oriente. Dom Pedro transitava entre as duas facções e frequentava a Loja Comércio e Artes, adotando o nome ritualístico Guatimozim (nome do último imperador asteca). Dom Pedro ascendeu à qualidade de Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil em 4 de outubro de 1822. Logo em 27 de outubro daquele mesmo ano, o Imperador encerrou as atividades da Maçonaria ao detectar ameaças democráticas ao seu poder, alegando para tanto uma reestruturação da instituição que nunca ocorreu enquanto reinou (Villon, 2022, p. 159).
Referências expográficas
Exposição de longa duração "A construção do estado", Museu Histórico Nacional, 2010
Referências bibliográficas
BARROSO, Gustavo. D. Pedro I e a maçonaria. In: "O Cruzeiro", Rio de Janeiro, 26/08/1950. | COSTA, Angelita Maria R. Ferrari. "A Coleção de pinturas e miniaturas da Viscondessa de Cavalcanti no Museu Mariano Procópio". Dissertação de Mestrado, PPGH, UFJF. Juiz de Fora: UFJF, 2010. | OLIVEIRA MARQUES, A. “Guatimozim” D. Pedro d’Alcântara de Bragança... . (Catálogo de exposição) Queluz/ Rio de Janeiro: Palácio de Queluz/ Paço Imperial, 1987. | OLIVEIRA MARQUES, A. H. de: “Guatimozim” D. Pedro d’Alcântara de Bragança... . (Catálogo de exposição) Queluz/ Rio de Janeiro: Palácio de Queluz/ Paço Imperial, 1987. | RIBEIRO, Maria Laura: Dom Pedro I e a maçonaria. In: "Anais do Museu Histórico Nacional", v. XXIII. Rio de Janeiro, 1972. | SOUZA, Otávio Tarquínio de. "História dos fundadores do Império – a vida de D. Pedro I". V. II, tomo 2º. Brasília: Edições do Senado Federal, 2015. | VILLON, Victor. Espadim maçônico. In: "Histórias do Brasil: 100 objetos do Museu Histórico Nacional (1922-2022)". Rio de Janeiro: MHN, 2022. p. 158-161.
Autoria das fotos
Jaime Acioli