Instrumento de corda: rabeca
Número de registro
3680
Descrição
Instrumento de corda (rabeca), produzido artesanalmente em madeira. Possui tampo superior entalhado nas bordas com motivos fitomorfos e aberturas acústicas irregularmente perfuradas em F. A voluta reproduz a forma de uma cabeça humana esculpida com detalhes dos olhos, nariz, boca, orelhas e, na parte inferior, cabelos estilizados em forma de círculos concêntricos. As quatro cravelhas estão intactas, assim como o braço. Parte inferior lisa. O instrumento não possui mais as cordas e o cavalete. O estandarte é prolongado e esculpido em formas geométricas e de coração.
Denominação
Instrumento de corda: rabeca
Autor
Técnica
Material
Local de produção
Classe
Data de produção
18--
Termos de indexação
CAIÇARA | CULTURA POPULAR | DIÁSPORA AFRICANA | ESCRAVIDÃO | ESCRAVIZADOS | FANDANGO CAIÇARA | FESTA DO DIVINO | FOLIA DE REIS | INSTRUMENTO DE CORDA | INSTRUMENTO MUSICAL | ISLÃ | MÚSICA | NEGROS | RELIGIÃO ISLÂMICA | TECNOLOGIA
Altura (cm)
10,00
Largura (cm)
23,00
Comprimento (cm)
79,00
Observações
De acordo com Luiz Henrique Fiaminghi (2022), as rabecas chegam a Portugal através de músicos árabes durante a ocupação islâmica da Península Ibérica (711-1492). No século XVII, os violinos começam a ter maior destaque em Portugal e as rabecas mantêm uma história paralela nas tradições musicais populares. O Brasil enquanto colônia portuguesa provavelmente seguiu a mesma linha. Esta peça do MHN provém de Itanhaém/SP, região de fortes tradições musicais com destaque para rabeca, como as Folias de Reis, as Folias do Divino e o Fandango. Para Fiaminghi (2022, p. 129): "Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, as rabecas construídas pelos músicos caiçaras não são cópias ou arremedos dos violinos encontrados nos ambientes urbanos, mas soluções engenhosas de artesãos habilidosos no trato com as madeiras locais (caixeta/marupá) e na transmissão de uma arte pré-moderna na produção de instrumentos musicais, anteriores ao próprio advento do violino."
As comuns denominações "rabeca de escravo" ou "rabeca de cego" manifestam uma ótica ocidental hegemônica sobre a música e os instrumentos produzidos pelas camadas populares, e referem-se à tradição de músicos e cantadores, principalmente do Nordeste, na qual muitos cegos eram acompanhados por rabecas em sua atividade musical e poética.
Referências expográficas
Exposição de longa duração "Entre mundos", Museu Histórico Nacional, 2010
Referências bibliográficas
CARVALHO, Gerardo de. Os instrumentos musicais primitivos afro-brasileiros no Museu Histórico Nacional. In: "Anais do MHN", v. IX, 1948. p. 139-157. | FIAMINGHI, Luiz Henrique. Rabeca: caminhos encruzilhados da rabeca no Brasil. In: "Histórias do Brasil: 100 objetos do Museu Histórico Nacional (1922-2022)". Rio de Janeiro: MHN, 2022. | GRAMANI, J. E.; GRAMANI, D. (org.). "Rabeca, o som inesperado". Curitiba, edição do autor, 2002. | LINEMBURG, Jorge. "Cegueira e rabeca: instrumentos de uma poética". Florianópolis: Quebra-ventos: modos de fazer, 2017 | LODY, Raul. "O negro no museu brasileiro: construindo identidades". Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. | MAGALHÃES, Aline Montenegro. Da diáspora africana no Museu Histórico Nacional: um estudo sobre as exposições entre 1980 e 2020. In: "Anais do Museu Paulista", São Paulo, v. 30, p. 1-29, 2022. | MAGALHÃES, Aline; AZEVEDO, E.; CASTRO, F.; SANTANA, S. Notas sobre a Diáspora Africana na exposição e nas ações educativas do Museu Histórico Nacional. In: "Anais do MHN", v.51, p.44-64, 2019. | VIANNA, Marfa. O negro no Museu Histórico Nacional. In: "Anais do MHN", v. VIII, 1947, p. 82-99.
Autoria das fotos
Jaime Acioli