Santo
Número de registro
4066
Descrição
Estátua em cedro, em meio vulto, retratando São Mateus de pé sobre base de madeira, com perda de policromia original (notam-se tons avermelhados). Cabeça voltada à esquerda, cabelos em madeixas largas voltadas para trás. Barba em mechas, olhos voltados para cima, boca entreaberta. Antebraço e mão mutilados. Traja túnica longa com cintura marcada, gola em ponta. Manto jogado às costa com grande panejamento. Perna esquerda à frente. Pés descalços despontam sob a túnica. Ao seu lado, à direita, menino desnudo, de pé, perna esquerda à frente. Braços mutilados. A criança faz alusão à genealogia de Cristo.
Denominação
Santo
Título
São Mateus
Faz conjunto ou par com produção
Denominação
Santo
Material
Forma de aquisição
Fonte de aquisição
Referência de aquisição
Processo 16/1922 | Catálogo Geral do Museu Histórico Nacional (1924)
Local de produção
Data de produção
[1801-1812]
Termos de indexação
ARQUITETURA COLONIAL | ARQUITETURA RELIGIOSA | BARROCO | BRASIL REINO | CATOLICISMO | EVANGELISTAS | IGREJA CATÓLICA | IGREJA DE SANTA CRUZ DOS MILITARES DO RIO DE JANEIRO | MESTRE VALENTIM | RELIGIÃO CATÓLICA | RIO DE JANEIRO | ROCOCÓ | SÃO MATEUS
Altura (cm)
193,00
Largura (cm)
81,00
Comprimento (cm)
36,00
Observações
Conforme cotejado por Pessoa (2022) a partir de consulta de Nireu Cavalcanti ao inventário post-mortem do artista, Valentim da Fonseca e Silva declarou ter nascido no arraial de Gouvêa da Comarca de Serro do Frio/MG, no início da década de 1740, ser filho natural do português Manuel da Fonseca e Silva e de Amatilde da Fonseca. A formação de Mestre Valentim ocorreu em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, estando já instalado nesta cidade em 1766, ano em que ingressou na Irmandade de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos do Rio de Janeiro.
Protagonista das transformações urbanísticas por que passava a nova capital do Vice-Reino, impulsionadas pelo escoamento do ouro e pelo comércio de escravizados africanos no Porto do Rio, Valentim contribuiu a partir de 1801 para a decoração da nova igreja da Irmandade da Santa Cruz dos Militares, cujas obras iniciaram-se em 1780 conforme risco do engenheiro José Custódio de Sá e Faria. Sua atuação nesta igreja compreendeu a execução da talha da capela mor e dos altares laterais e a confecção das imagens dos evangelistas Mateus e João para compor os nichos da fachada da igreja.
De acordo com Pessoa (2022), a morte de Valentim em 1813 pode explicar porque somente dois evangelistas foram produzidos, chamando atenção para o fato de terem sido esculpidos em madeira, tendo servido talvez como modelos para posterior fundição em bronze ou escultura em pedra, já que ficariam expostos ao ar livre.
As duas peças em cedro (4066 e 4067) acabaram por ocupar os nichos superiores da fachada da igreja, deteriorando-se ao longo do tempo. Sua retirada ocorre nos anos 1920 para integrar a coleção do MHN, sendo substituídos por quatro evangelistas em mármore de autoria de Jean Louis Despré.
Referências expográficas
Exposição "Barroco Itália Brasil - Prata e Ouro", Casa Fiat de Cultura/MG, 10 de junho a 07 de setembro de 2014. | Exposição "Brasil Barroco: entre o céu e a terra", Petit Palais, Paris, de 04 de novembro de 1999 a 06 de fevereiro de 2000.
Referências bibliográficas
AZEVEDO, Moreira de. "O Rio de Janeiro: sua história, monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades". Rio de Janeiro: Livraria Brasiliana Editora, v. 1, 1969. | BARROSO, Gustavo Dodt. A arte cristã no Museu Histórico. In: "Anais do MHN", v. 4, 1943, p. 5-98 | CARVALHO, Anna Maria Fausto Monteiro de. "Mestre Valentim". São Paulo: Cosac & Naify, 1999. | CAVALCANTI, Nireu. "O Rio de Janeiro setecentista: a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da Corte". Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. | GARCIA, Lúcia Maria Cruz. O barroco como cultura de época. In: "Anais do MHN", 2000, v. 32, p. 293-302. | O MUSEU HISTÓRICO NACIONAL. São Paulo : Banco Safra, 1989. | PESSOA, José. Esculturas dos santos evangelistas. In: "Histórias do Brasil: 100 objetos do Museu Histórico Nacional (1922-2022)". Rio de Janeiro: MHN, 2022. p. 120-125.
Autoria das fotos
Jaime Acioli